terça-feira, 18 de agosto de 2009

Chuchuzinho

Depois de muitas buscas, consegui achar a única coisa mais ridícula do que usar chinelo de dedo com meia: apelidos entre namorados.
Será que não existe ninguém criativo o suficiente para criar algo além de “amorzinho” e “benhê”? Ah, pode ter certeza que existe. Já tive a infeliz oportunidade de presenciar alguns apelidos um tanto quanto... Estranhos.
Falar as coisas com voz de bebê e apelidos com X ou no diminutivo, apesar de me darem náuseas, são os que mais se vê por aí. Alguns acham romântica toda essa melação, mas mal sabem que às vezes isso se torna meio inconveniente, principalmente na frente dos amigos. Se ela for seu docinho de coco e, você, o tchutchuco dela, ótimo, mas poupem-nos. E tome cuidado: nem sempre apelidos carinhosos agradam. Chame-me de pequena e eu me apaixono. Chame-me de chuchu... bem, está querendo dizer que sou pálida, peluda e sem gosto?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Na infância

Sempre me preocupei muito com meu futuro. E estava convicta de que nunca casaria na minha vida, porque se até os 6 anos não tinha me apaixonado ainda, quando isso aconteceria? Então, com aquela inocência que só as crianças têm, olhei para a minha mãe enquanto ela lavava a louça e perguntei:
- Mãe, dá pra casar com alguém da família?
- Olha, até dá... Mas as pessoas não costumam fazer muito isso.
"Dane-se", eu pensei. Então virei para o meu irmão:
- Mano, quer casar comigo?
- Não.
Acho que devo ter ficado um pouco triste, nem lembro. Mas sei que foi a primeria rejeição da minha vida.

sábado, 1 de agosto de 2009

Papo de gente velha

Estou confiando na evolução da tecnologia e dos conhecimentos do homem. Estou dando-lhes um prazo de 50 anos para descobrir algo antienvelhecimento, mesmo que com 65 anos eu já não seja mais tão nova. Mas tenho medo de passar dali.
Vejo agora meus avós - não só os meus, mas os seus também, e aqueles da minha vizinha ranzinza aqui de baixo - já sem aquele brilho no olhar que tinham quando mais jovens. O sorriso não mais tão branco, a pele mais enrugada, a expressão cansada de quem viveu uma vida inteira e agora só lhe resta aguardar. Não queria nada disso para mim. Saber que os dias estão contados, mas sem saber ao certo até quando. Ver o luar e se pegar pensando se não seria o último. Ter a certeza de que dalí para frente só lhe resta contar histórias e tomar algumas pílulas para adiar a certeza de algo já determinado.
Talvez eu prefira uma morte súbita, ataque cardíaco, acidente ou até mesmo assassinato. Ou melhor: morte natural. Morrer dormindo. Sem dores, sem sofrimento, nenhuma chance para o adeus. Nada de ter que assinar papéis, nenhum testamento, nada. Apenas ir, como deveria ser. Também não queria passar os últimos tempos em um leito de hospital. Hospitais não cheiram bem - não que sejam sujos, mas cheiram a desespero. Apenas imagino meu velório, com aquela amiga fofoqueira - que todos têm - dizendo em tons estridentes: "Coitada... Morreu assim, tão de repente!"
E o que mais me intriga é que todas essas exigências sejam insignificantes perto do medo que eu sinto. Estou tão acostumada a lidar com minhas dúvidas que quando me deparei com a única certeza que temos na vida fiquei realmente perturbada. É, acho que está na hora de investir em um colchão novo. Pelo menos terei o prazer de morrer confortável.