terça-feira, 21 de julho de 2009

Muito jovem para morrer!

- Eu sou assim. Por mais que eu tente, não consigo mudar. Parece ser mais forte do que eu.
- Mas sempre conseguimos mudar, se isso é o que realmente queremos.
- É o que eu quero. Mas sinto-me como se estivesse viciada. Não consigo conter minhas vontades, preciso cada vez mais e mais. O problema é que isso faz eu sentir nojo de mim mesma.
- Não sinta nojo, nem se arrependa. Você faz o que tem vontade na hora, e admiro isso em você. É melhor se arrepender do que faz, do que se arrepender de algo não feito.
- Só que isso acaba me prejudicando. Como fica minha imagem depois?
- Imagem é só imagem. Depois de um tempo, ninguém mais lembra o que você fez. As pessoas se detêm muito às novidades. O que aconteceu ontem já não importa a mais ninguém. Sem contar que isso é coisa de adolescente: não importa o quão popular você seja, quando você se formar no colégio, considere-se morto. Ninguém mais vai nem lembrar que você existiu.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Eu que não amo você

Ela segurava aquela foto com as mãos trêmulas. Não sabia como aquilo havia parado ali, nem ao menos lembrava que a tinha. Estava apenas procurando um par de meias limpas, quando achou-a intacta, no fundo da gaveta.
Até ali não entendia como podia ainda gostar dele. Não era o príncipe encantado de seus sonhos, que fazia serenatas e escrevia poemas. Não tinha os cabelos loiros, nem os olhos claros, e não tinha um cavalo branco. Era apenas um rapaz comum – talvez nem tão comum assim.
Incomodava-se com o descaso dele com seu futuro. Tinha planos muito vagos, alguns impossíveis. Era jovem, mas não mais adolescente. Já tinha seus vinte e poucos anos, e continuava a entorpecer-se enquanto assistia o sol nascer com seus amigos.
Mas amava-o assim, mesmo o odiando por completo. Ele era capaz de mudar seu mundo apenas com uma palavra.
Agora se via ali, com aquela velha foto nas mãos. Era um beijo, no dia em que o apresentou aos seus pais. Lembrou-se do momento com seus mínimos detalhes: o nervosismo, a roupa que ele estava, as palavras e a vontade de abraçá-lo e não deixá-lo sair de lá nunca mais. Então percebeu que sentia saudades. Muitas saudades. Fora uma tola em deixá-lo ir, mas aquele talvez não fosse o momento certo para continuarem.
Eles ainda casariam e teriam filhos. Ele morreria antes do que ela, quando fossem velhinhos, pois dizia que não suportaria a dor se ela morresse. Eles juraram que seria pra sempre... Sim, tudo isso aconteceria. Ele prometera, ele prometera!
Então, ela beijou a foto procurando novamente o sabor dos seus lábios, mas o chiclé de menta já perdera o gosto. Roçou-a em suas bochechas, procurando sentir os arrepios que sentia quando ele a tocava, mas suas mãos já não a queriam tocar. Tentou sentir o seu perfume, mas ele já se perdera no ar. Apenas percebera que ainda o amava, mesmo depois de tantos meses sem vê-lo. E agora já não poderia fazer mais nada, pois ele parecia já ter esquecido tudo isso, e já mudava o mundo de outra garota. Ele não a amaria tanto, tinha certeza. Ele prometera, ele prometera!
Então, já entre soluços e lágrimas, passou a repetir em voz alta “eu não o amo, eu não o amo, eu não o amo, eu não o amo, eu não o... eu não... eu...” até pegar no sono, ali no chão mesmo. A frase perdera o sentido, mas seu amor não.