quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Just to remember.

Nós nos prendemos demais a lembranças. Pude sentir isso hoje, ao limpar meu armário. Não é tão simples assim separar algumas coisas e jogar fora, como se fossem rascunhos de um desenho não terminado. Se foi guardado é porque tinha algum valor e, de repente, você se vê em frente a essa "coisa" pensando se deve deixá-la alí por mais algum tempo ou não. E então você olha ao seu redor e se depara com mais outras coisas que também estão aguardando a sua decisão.
O fato é que nada foi feito em vão, e é difícil deixar de lado alguma coisa que lhe traga uma lembrança. Seja um ursinho de pelúcia, uma blusa velha ou um bilhetinho da melhor amiga. Ou até mesmo algo que você escreveu, mas que nem lembrava. E você olha e sorri, porque isso já passou. É hora da despedida.
E isso acontece no dia-a-dia, sem percebermos. Quantas vezes já deixamos de falar com alguém por causa de algo que aconteceu? O pior é que só depois paramos pra pensar e vemos como isso foi uma perda de tempo, pois o que aconteceu ficou no passado, e temos que levantar a cabeça para seguir em frente. Está certo que se isso abriu uma ferida, talvez ela não se cure tão rápido, mas sempre acaba fechando. Mesmo que fique uma cicatriz, pois pelo menos serviu para aprendermos a ser mais cuidadosos na próxima vez.
E tem gente que vive só dessas lembranças, vive no passado, com medo do que vem pela frente. Mas às vezes temos que rever os conceitos e deixar de lado toda essa baboseira. Temos que criar coragem e nos desfazermos de tudo isso, porque se guardarmos tudo, o que vai ser de nós daqui a 50 anos? Concordo em guardar as lembranças boas, mas para quê as ruins? Eu penso que é só para ocupar espaço, assim como coisas materiais.
Foi aí que resolvi me desfazer de vez disso. Peguei uma caixa e organizei com carinho as minhas coisas dentro, na esperança de que a próxima pessoa que tiver acesso a elas cuide do mesmo jeito que eu fiz, mesmo sabendo que não vai acontecer. Dei uma última olhada. Senti uma dorzinha no coração, mas me consolou quando vi que junto com essas coisas vão algumas lembranças ruins também. Fechei a caixa.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Os opostos se atraem

Houve quem me disse que essa história de os opostos se atraírem é mentira. No início eu também achava, afinal, é difícil conviver com alguém que pense sempre o contrário, sempre havendo esse conflito de idéias. Mas, uns dias atrás, conversando com um velho amigo, percebi que ele era a minha versão masculina: mesmo gosto por música, mesmo modo de agir, opiniões formadas sobre tudo e todos muito semelhantes, tipo físico parecido, mesmo signo. Achei muito interessante no começo, mas no decorrer da conversa notei que se tornava monótono o fato de concordarmos com tudo... Não haviam discussões empolgantes sobre os assuntos, parecia que eu estava conversando comigo mesma. Confesso que não gostei.
Vejo que normalmente as pessoas procuram alguém que as complete, alguém que as faça pensar de outro modo. Acho que foi por isso que me apaixonei por alguém que é o contrário de mim. Ele é tudo o que eu não sou, e vive numa realidade completamente diferente da minha. Me faz sair um pouco do meu mundinho de idéias concretas para misturar com as idéias dele. E, querendo ou não, às vezes passo a pensar diferente. Acho que isso acontece com todo mundo, na verdade, quando encontram a "cara-metade".
Mas diferença de opinião não são só flores. Às vezes vem espinhos presos nelas, e podemos nos machucar. Mas não falo só dos casais: relação de amizade também se torna bastante espinhosa quando as opiniões são muito distintas. Entretanto, nada como uma briguinha pra tornar tudo mais interessante... Melhor do que a rotina.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
(Carlos Drummond de Andrade)