sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Promessas

00:18, sete de janeiro. Talvez um pouco tarde para começar com as promessas de início de ano, mas segundo a sabedoria popular, é melhor do que nunca. Na verdade, não deveríamos nos restringir a fazer tais promessas apenas na virada do ano. Não deveríamos nem perder tempo fazendo promessas. A maioria das pessoas as esquece antes mesmo de começar Fevereiro, então, de quê serve?
Esse ano, não quis pensar em nada. Apenas acabo de pegar-me sentido saudades de algumas coisas que passaram, e de algumas que ainda virão. Com isso, promessas inconscientes me trouxeram uma vontade inesperada de cumpri-las.
Porém, tenho andado cansada das palavras, das promessas, das reclamações. Até mesmo a vontade de escrever tenho deixado de lado, observando o que acontece além da tela do computador. Não vou me preocupar, nem pensar, nem ouvir, nem dizer nada, mas muito menos ignorar tudo. Me resta apenas ver e sentir. É isso: prometo sentir 2011.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sinceridades

Engraçado. Palavras ditas da boca pra fora saem muito mais facilmente do que as que realmente gostaríamos de dizer. É como se fosse mais fácil viver uma falsidade do que sermos sinceros o tempo inteiro. E muito mais lucrativo: não nos expomos tanto, não ofendemos ninguém, não corremos o risco de rirem da nossa cara.

Cansei-me de elogiar as roupas das pessoas mesmo quando pareciam pinheiros de Natal, de “adorar” cabelos que continuo achando que foram feitos por acidente, de sorrir mesmo para a pessoa com maquiagem mais assustadora que já vi. Sempre como comida sem gosto, acho chiuauas bonitinhos, gosto do trabalho que os outros fazem. E tudo está sempre maravilhoso. Porque é mais fácil dizer o que as pessoas querem ouvir, já que sabemos como será sua reação. A sinceridade dói pra sair.

Porém, o problema maior está quando se trata dos sentimentos. Já me calei milhares de vezes quando pensei no quanto odiava alguma pessoa, e foram raras as vezes em que realmente consegui mostrar o quanto gostava de alguém. O medo da reação da outra pessoa intimida. E continuo, calada, imaginando o que teria acontecido se tivesse dito tudo o que já me deu vontade.

Contudo, é interessante a sensação de se dizer a verdade. Dói. Mas é uma dor boa. Dá uma leve falta de ar, e a voz falha. É como se tentássemos expelir pela boca uma bola de fogo, que sobe queimando por toda a laringe e causa um grande alívio quando sai da boca. Tudo bem, não pareceu tão agradável, mas dá uma sensação de leveza indescritível. E surpreende as pessoas. Mas cuidado: não vá confundir sinceridade com arroto.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estrelas

Às vezes é necessário, com os pés no chão, abrir o guarda-roupa e vestir algumas verdades. Escolher as que mais se encaixam, e tentar sentir-se confortável com elas. Em seguida, maquiar as imperfeições mais evidentes e pentear os nós da garganta até que se desfaçam. Colocar os óculos escuros, para que a realidade não faça os olhos arderem tanto. E, por último, calçar os sapatos com os saltos mais altos, para que se possa ficar mais perto das estrelas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Loucura

Sou louca, mas uma louca boa... Nunca usaria minhas loucuras contra ninguém. Apenas a favor de mim mesma, como forma de “auto-diversão”.
Pego-me sorrindo sem motivo, e caio em gargalhadas quando deito na cama e lembro de algum dia que realmente tenha me deixado feliz. Encontro-me em frente ao espelho fazendo caras e bocas, xingando e pedindo conselhos à minha imagem refletida. Choro de saudade, falo sozinha, canto no chuveiro, danço sem ter música. Tenho freqüentes oscilações de humor, muitas vezes despercebidas devido ao meu baixo tom de voz. Mas e daí? Sinto-me bem comigo mesma. Gosto de conseguir ficar alegre mesmo em uma terça-feira chuvosa. E não considero isso loucura... Loucos são os que não tentam, antes de tudo, ser amigos de si mesmos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um quarto

Lembranças guardadas
Em caixas de sapato
E belos retratos
Das vidas passadas
Vidas guardadas
Em caixas e retratos
Lembranças passadas
E belos sapatos
Sapatos guardados
Em belas caixas
Retratos passados
E vidas lembradas
Lembranças esquecidas
Sapatos sem caixas
Retratos desbotados
E vidas não vividas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Desilusão Amorosa

Como da vez em que me apaixonei pelo pedreiro.
Meus pais eram síndicos do prédio onde eu morava, e naquela época estavam fazendo algumas reformas. Eu tinha seis anos. Ele mais de trinta, eu acho. E não era um daqueles pirralhos que eu chamava de “coleguinhas”. Era um homem, de verdade. Com barba e tudo.
Passei a acompanhar as obras de pertinho. Não conseguia tirar os olhos dele. Já não me lembro muito bem de suas feições, mas sei que tinha os olhos claros e a pele morena, queimada do sol. Tinha nojo dos pelos do seu peito, quando trabalhava sem camisa, mas nada que uma Gilette não resolvesse. Como se eu soubesse o que era Gilette naquela época.
Pobre criança, ingênua. Realmente acreditava que ele era o amor da minha vida. Apaixonava-me rápido demais, fato. Até que, em uma das vezes que eu estava bisbilhotando as obras, parei atrás dele. Ele, sem me ver, abaixou-se para pegar uma ferramenta. Eu acompanhei-o com os olhos. Ele continuou abaixado. Eu contemplei seu cabelo, depois sua nuca, suas costas, até encontrar o fim da camiseta. Quando baixei um pouco mais o olhar, dei um grito. Estava ali – e claro que não poderia faltar – o risco formado entre a junção da nádega direita com a esquerda, exposto. Vulgo “cofrinho”. Saí correndo.
Não vi sua reação. Mas, a partir daí, prometi a mim mesma que nunca me envolveria com um pedreiro. Não poderia aceitar alguém que saísse por aí mostrando suas partes íntimas para qualquer uma.

domingo, 9 de maio de 2010

Supermercado

É inadmissível que em pleno século 21 ainda existam preconceitos entre homens e mulheres. Temos, sim, nossas diferenças, mas isso não determina que sejamos incapazes de certas coisas. Testes comprovam que mulheres são 3% mais inteligentes que os homens, mas eles são, de fato, fisicamente mais fortes. Porém, isso significa que um homem musculoso é incapaz de preparar um arroz porque a receita é tão complexa que só as mulheres conseguem entendê-la?

Mulheres podem construir uma casa. Homens podem trocar uma fralda. Mulheres podem lutar boxe. Homens podem costurar. Tudo isso é apenas questão de aprendizado. É apenas questão de deixar nos séculos passados os tabus que aconteceram, e viver um novo tempo. Nós, mulheres, cansadas de nos submetermos a tudo o que nos era dito, quisemos nossa independência, e isso significa que não precisamos de ajuda para trocar uma lâmpada. Queremos ganhar, cada vez mais, espaço na sociedade. Queremos mostrar que somos capazes de fazer - de salto alto - tudo o que um homem faz.

Mas, já que alguns machistas não aceitam nossas condições, deixemos que carreguem nossas compras do supermercado. Não são mais fortes? Pois então, que aguentem. Não gostamos de quebrar as unhas.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Teclado novo

Continuo batendo na mesma tecla quando digo que algumas coisas não foram feitas para serem entendidas. E não foram mesmo. As pessoas mudam, seus desejos mudam junto. Às vezes, se torna doloroso perceber que o que te deixava feliz já não é mais suficiente, que você precisa buscar algo novo para te trazer alegria.

Se nos contentássemos fazendo sempre o mesmo, não precisaríamos comprar roupas diferentes e poderíamos comer feijão e arroz até de café da manhã. Mas enjoamos da rotina, e acabamos querendo trocar o feijão por batatas fritas, como uma forma de fugir do usual.

Isso não significa que não enjoemos das batatas também e, quando todas nossas artérias estiverem se entupindo de gordura, queiramos voltar a comer o bom e velho feijão para nos sentirmos bem. Ok, deixemos as metáforas de lado. É, sim, de amor que estou falando, caro leitor.

Às vezes a vida une duas pessoas apenas para separá-las. Não quer dizer que elas deixem de se amar. Apenas precisam que a distância e a saudade digam-nas que merecem seu “felizes para sempre”. Mas a vida não é um conto de fadas, e nem tudo é perfeito. O mais difícil se torna mais interessante, e só porque temos as oportunidades em nossas mãos, não significa que queiramos agarrá-las.

Repito: algumas coisas não foram feitas para serem entendidas. E pelo jeito vou ter que comprar um teclado novo. Essa tecla está cansando de ser batida.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Flores e amores

“Amor” não são apenas

quatro letras jogadas ao vento

criando uma palavra bonita.

É necessário ver muito além

do que a palavra por si só:

Sinta o amor,

Viva um amor,

Seja um amor.

Deixe que ele te mostre

Os sons, as cores, as flores

A maravilha de amar

E também seus defeitos.

Porque amor perfeito

Só existe a flor.