quarta-feira, 22 de abril de 2009

3 palavras, 7 letras

- Ele te ama... O que mais você quer?
- Ahn... Não preciso de promessas, nem ao menos declarações. Quero alguém que não tenha vergonha de mim, mas que também não me ache perfeita. Alguém que faça eu me sentir bem e segura em qualquer situação, mas que me dê arrepios e me faça derreter como manteiga em um simples toque. Que eu possa odiar tanto ao ponto de amar e não poder mais viver sem. Que me faça chorar de tanto rir e rir de tanto chorar. Que seja brincalhão, mas que saiba ficar de boca calada nos momentos certos. Que me respeite, mas que não me obedeça sempre. Que queira estar comigo em todos os momentos, mas que compreenda que também namoro a solidão. Alguém que seja, antes de tudo, meu amigo.
- E você não se importa com o físico?
- Ah, um pouco de cérebro e olhos claros também ajudam. Mas preste atenção: "eu te amo" não diz tudo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Balas de goma.

Só de entrar naquele ônibus já senti náuseas. Não que eu passe mal em viagens - aquela fazia eu me sentir mal. Via-me uma completa idiota: estava rodeada de grupos de amigos, dos quais eu não fazia parte de nenhum. Eu ouvia murmuros, risadas e, vez que outra, pegava algum assunto no ar. Mas ninguém me via alí. Eu era invisível, e minhas tentativas fracassadas de tentar me enturmar não deram certo. Coloquei meus fones de ouvido, na esperança de não me sentir tão sozinha, mas não adiantou. Olhava pela janela aquelas imagens que passavam correndo por mim, e a estrada vazia mostrava-me que eu não era a única solitária por alí. Meus olhos encheram-se de lágrimas, e não consegui conter meu choro abafado, que só serviu para borrar meu lápis de olho - ninguém me via, de qualquer maneira.
Fechei meus olhos desejando desmaiar, porém, nem dormir não consegui. A única coisa que me vinha na mente era a saudade e a vontade de abraçar alguém que me salvasse daquele poço de solidão. Eu precisava das minha amigas alí, mesmo que em silêncio, pois só de saber que estamos próximas me sinto mais segura. Me sinto mais forte, mais corajosa. Então, abri os olhos e meu pacote de balas de goma, e aquela glicose toda parece ter me acalmado. Por alguns instantes, ao menos.
Quando eu pensava já ter sobrevivido à duas horas de viagem, na verdade, apenas 32 minutos haviam se passado. E aquele nó na garganta me sufocava cada vez mais. Sacudi a cabeça, liberei-me daquele casulo e passei o resto do tempo olhando para o nada. Volta e meia, trocava algumas palavras com alguém, mas da boca para fora. O que eu mais desejava era poder sair daquele meu pesadelo, resumido a um banco de ônibus.
Chegar antes só aumentou minha angústia. Eu olhava aluno por aluno, procurando por meus portos seguros, mas pareciam ter sumido. Quando finalmente encontrei, o abraço lavou minha alma. Todo aquele peso sumiu, e consegui engolir o nó. Eu podia rir e sorrir novamente, tranquila. E ri. Até chorar de felicidade. Passar um tempo com pessoas que conheciam muito mais do que apenas meu nome fez-me esquecer todo o medo da solidão. A viagem de volta não me preocupava mais, eu poderia superar qualquer coisa se no final eu fosse ver aqueles rostos sorridentes novamente.
O retorno não poderia ser tão ruim... era apenas um banco de ônibus. E eu ainda tinha balas de goma.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Equinócio de Outono.

Era total e extremamente confuso para mim. Fazia tempo que não o via e, chegar assim tão perto e não poder tocá-lo consumiu todas as minhas energias naquele momento. E mais doloroso do que isso: parecia que não nos conhecíamos. Olhei-o completamente envergonhada e impotente, por trás de meus óculos escuros, e fui simples e cruelmente ignorada.
Senti um arrepio que me fez estremecer por completo, e tive a sensação de que tudo que vivi foi um sonho, porque estávamos ali, no ponto zero. E senti novamente aquele arrependimento, com a sensação de estar cometendo um grande erro, querendo lutar contra algo que já estava programado para acontecer. Minhas mãos suavam, eu não conseguia ouvir nem pensar em nada... E a única coisa racional que parecia vir em minha cabeça era que eu precisava sair dali o mais rápido o possível, antes que aquela onda de mal estar me levasse ao chão - o que não seria má ideia se houvesse um buraco para que eu me escondesse.
Eu prometi que o "nós" duraria para sempre, e que eu nunca amaria outro alguém. Mas agora éramos eu e ele, frente à frente, com a saudade martelando nossos peitos e uma vontade insaciável de nos abraçarmos, nos beijarmos e dizermos que foi apenas um sonho, que essa distância nunca nos havia separado e que o que partilhávamos duraria para sempre. Contudo, engoli minhas lágrimas e todos esses sentimentos que tentavam saltar de minha boca, assim como faço toda noite antes de dormir, quando sem querer me pego pensando nele. Concentrei-me apenas em caminhar na direção contrária, onde eu finalmente conseguisse encontrar oxigênio suficente para me fazer respirar novamente.
Eu prometi que tudo duraria sempre e para sempre, mas nem esperei o verão acabar.
O vento do outono gira outra vez
Os dias estão mornos, e começam a desaparecer
Tudo aqui ainda é o mesmo
e mémorias caem como chuva.
(One Republic - Too Easy / tradução)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Outro coração despedaçado

- Puxa, você sim arrasa corações...
- Ah, eu não arraso corações. Esses corações me arrasam.
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domingo, 5 de abril de 2009

O que nos completa.

Não vivemos sozinhos. Não conseguimos nem ao menos levantar da cama pela manhã se não tivermos alguém para partilhar conosco o dia. Alguém que nos fará sorrir, alguém que secará nossas lágrimas nos momentos mais complicados. Alguém que vai viver a vida conosco, partilhá-la em todos os momentos, mesmo longe, mesmo por telefone.
Estamos cercados de pessoas que costumamos chamar de "amigos". Colegas de aula e de trabalho, pessoas que conhecemos em algumas emboscadas da vida, pessoas que nos marcaram pelo menos em algum momento. Mas poucos são nossos bons amigos. São poucos que nos fazem ver a vida com outros olhos, e que nos apóiam - ou mostram que não estamos certos -, os que nos conhecem melhor do que nós mesmos. Um bom amigo não tem receio de criticar, de falar coisas que não queremos ouvir. Ele nos ensina muito, ainda mais quando partilha suas experiências, e nunca hesita em falar-nos a verdade.
Amizade não se compra, nem ao mesmo tem um valor definido - se tiver, alguém, por favor, fale em alto e bom som, também quero saber -, simplesmente se sente. É uma espécie de amor incondicional, somos capazes de fazer o impossível, somos capazes morrer por um amigo. Pois é diante dele que somos nós mesmos, que temos total liberdade para expressarmos nossas opiniões, nossas mágoas, nossas paixões secretas. Amigos nos fazem rir quando temos vontade de chorar, nos divertem com brincadeiras infantis, trazem alegria apenas com um olhar. Uma relação de amizade pode ser comparada a um namoro, porém, com menos contato físico. Toda amizade tem seus momentos críticos, onde as opiniões divergem e criam conflitos, mas todas essas tempestades vêm seguidas de calmarias, que contribuem para que as pessoas possam se conhecer melhor.
A amizade verdadeira nos mostra o verdadeiro significado da confiança, da sinceridade, da lealdade, da felicidade. Muitos amigos vêm e vão, deixando saudades e boas lembranças, mas sempre há aqueles que se tornam irmãos, que caminham lado a lado conosco para onde for, e pelo tempo que for possível.