domingo, 7 de novembro de 2010

Sinceridades

Engraçado. Palavras ditas da boca pra fora saem muito mais facilmente do que as que realmente gostaríamos de dizer. É como se fosse mais fácil viver uma falsidade do que sermos sinceros o tempo inteiro. E muito mais lucrativo: não nos expomos tanto, não ofendemos ninguém, não corremos o risco de rirem da nossa cara.

Cansei-me de elogiar as roupas das pessoas mesmo quando pareciam pinheiros de Natal, de “adorar” cabelos que continuo achando que foram feitos por acidente, de sorrir mesmo para a pessoa com maquiagem mais assustadora que já vi. Sempre como comida sem gosto, acho chiuauas bonitinhos, gosto do trabalho que os outros fazem. E tudo está sempre maravilhoso. Porque é mais fácil dizer o que as pessoas querem ouvir, já que sabemos como será sua reação. A sinceridade dói pra sair.

Porém, o problema maior está quando se trata dos sentimentos. Já me calei milhares de vezes quando pensei no quanto odiava alguma pessoa, e foram raras as vezes em que realmente consegui mostrar o quanto gostava de alguém. O medo da reação da outra pessoa intimida. E continuo, calada, imaginando o que teria acontecido se tivesse dito tudo o que já me deu vontade.

Contudo, é interessante a sensação de se dizer a verdade. Dói. Mas é uma dor boa. Dá uma leve falta de ar, e a voz falha. É como se tentássemos expelir pela boca uma bola de fogo, que sobe queimando por toda a laringe e causa um grande alívio quando sai da boca. Tudo bem, não pareceu tão agradável, mas dá uma sensação de leveza indescritível. E surpreende as pessoas. Mas cuidado: não vá confundir sinceridade com arroto.

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