Como da vez em que me apaixonei pelo pedreiro.
Meus pais eram síndicos do prédio onde eu morava, e naquela época estavam fazendo algumas reformas. Eu tinha seis anos. Ele mais de trinta, eu acho. E não era um daqueles pirralhos que eu chamava de “coleguinhas”. Era um homem, de verdade. Com barba e tudo.
Passei a acompanhar as obras de pertinho. Não conseguia tirar os olhos dele. Já não me lembro muito bem de suas feições, mas sei que tinha os olhos claros e a pele morena, queimada do sol. Tinha nojo dos pelos do seu peito, quando trabalhava sem camisa, mas nada que uma Gilette não resolvesse. Como se eu soubesse o que era Gilette naquela época.
Pobre criança, ingênua. Realmente acreditava que ele era o amor da minha vida. Apaixonava-me rápido demais, fato. Até que, em uma das vezes que eu estava bisbilhotando as obras, parei atrás dele. Ele, sem me ver, abaixou-se para pegar uma ferramenta. Eu acompanhei-o com os olhos. Ele continuou abaixado. Eu contemplei seu cabelo, depois sua nuca, suas costas, até encontrar o fim da camiseta. Quando baixei um pouco mais o olhar, dei um grito. Estava ali – e claro que não poderia faltar – o risco formado entre a junção da nádega direita com a esquerda, exposto. Vulgo “cofrinho”. Saí correndo.
Não vi sua reação. Mas, a partir daí, prometi a mim mesma que nunca me envolveria com um pedreiro. Não poderia aceitar alguém que saísse por aí mostrando suas partes íntimas para qualquer uma.
Hahaha, igual alguns garotos que se apaixonam por professoras, qdo a gente é pequeno não tem noção das coisas e acha que o primeiro amor (platônico) é o grande amor, até cair na real com um "confrinho" ou outra coisa...
ResponderExcluirBjs =)
Como sempre falamos: "o que eu falo agora?"
ResponderExcluirTexto genial, como sempre!!!!
Ri muito, adorei o texto, mesmo
ResponderExcluirbeijos ;*