sexta-feira, 4 de junho de 2010

Desilusão Amorosa

Como da vez em que me apaixonei pelo pedreiro.
Meus pais eram síndicos do prédio onde eu morava, e naquela época estavam fazendo algumas reformas. Eu tinha seis anos. Ele mais de trinta, eu acho. E não era um daqueles pirralhos que eu chamava de “coleguinhas”. Era um homem, de verdade. Com barba e tudo.
Passei a acompanhar as obras de pertinho. Não conseguia tirar os olhos dele. Já não me lembro muito bem de suas feições, mas sei que tinha os olhos claros e a pele morena, queimada do sol. Tinha nojo dos pelos do seu peito, quando trabalhava sem camisa, mas nada que uma Gilette não resolvesse. Como se eu soubesse o que era Gilette naquela época.
Pobre criança, ingênua. Realmente acreditava que ele era o amor da minha vida. Apaixonava-me rápido demais, fato. Até que, em uma das vezes que eu estava bisbilhotando as obras, parei atrás dele. Ele, sem me ver, abaixou-se para pegar uma ferramenta. Eu acompanhei-o com os olhos. Ele continuou abaixado. Eu contemplei seu cabelo, depois sua nuca, suas costas, até encontrar o fim da camiseta. Quando baixei um pouco mais o olhar, dei um grito. Estava ali – e claro que não poderia faltar – o risco formado entre a junção da nádega direita com a esquerda, exposto. Vulgo “cofrinho”. Saí correndo.
Não vi sua reação. Mas, a partir daí, prometi a mim mesma que nunca me envolveria com um pedreiro. Não poderia aceitar alguém que saísse por aí mostrando suas partes íntimas para qualquer uma.

3 comentários:

  1. Hahaha, igual alguns garotos que se apaixonam por professoras, qdo a gente é pequeno não tem noção das coisas e acha que o primeiro amor (platônico) é o grande amor, até cair na real com um "confrinho" ou outra coisa...

    Bjs =)

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  2. Como sempre falamos: "o que eu falo agora?"
    Texto genial, como sempre!!!!

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  3. Ri muito, adorei o texto, mesmo
    beijos ;*

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